segunda-feira, 29 de abril de 2013

O acto de viajar

O tema 'viagens' tem pano para mangas. Sem novidades. Nos últimos tempos, tem mexido um bocadinho mais comigo. Não sei ainda bem o que é, mas algo mexe. As fotografias todas iguais. Os sítios onde ainda nem fui, mas que parece que já sei quase de cor o que vou encontrar por lá. Isso aborrece-me. Preciso de mais estímulo. De viagens menos turísticas. De fotografias menos comuns. De passeios menos comerciais. Mas ainda não descobri o que me falta, onde posso acrescentar valor.

Eu sei que ter começado cedo a viajar e ter Pais que adoram viajar me fez querer sempre mais e mais. Acho que, por vezes, nem eles se apercebem, mas eu de facto amo viajar. E, na verdade, é em viagens e comida que gasto o meu dinheiro!

Uma das vezes que regressei a Lisboa, durante o ano passado, vi passar este jipe. Dizia 'We hate tourism tours'. Depois de pesquisar um pouco mais sobre a razão do tamanho ódio que preenchia o jipe, percebi que adorava a ideia! Aventura, não convencionalismo, originalidade na apresentação duma das minhas cidades preferidas!



Eu nunca fui muito dada a visitar cidades sob a alçada de guias turísticos, é certo. O facto de não adorar história também não ajuda a cativar-me para esse tipo de visitas programadas, tipificadas, aborrecidas para mim. Mas há algo mais que tenho que descobrir o que é, que me incomoda e põe a pensar, que me tem questionado nos últimos tempos. Tenho que descobrir a razão pela qual eu tenho sentido que, hoje em dia, com maior poder de compra, a grande maioria das pessoas, tem já a possibilidade de viajar...mas que, o que faz da viagem, já é inteiramente da sua responsabilidade. Eu sei que comecei como todos..escolhia as capitais europeias mais próximas e mais baratas, chegava, 1st stop era tendencialmente o posto de turismo local, enchia-me de mapas turísticos e lá ia eu!
É certo que continuo a achar importante que se faça essa lavagem de 1ª água da cidade, que se visita pela 1ª vez, mas não é isso mesmo que todos fazem? Depois regressam a casa e as frases comuns partilhadas entre amigos são 'Ai o Palácio de Versalhes é lindo!' ou 'É imperdível o Chichen Itza.'. Certo. Então e sentiram a cidade? Conheceram alguém local? Deram-se a conhecer? Comeram os pratos turísticos ou o que eles comem? Pararam umas horas num café para respirar a verdadeira cultura? O que vos faz viajar? Fazer crescer a vossa alma ou coleccionarem países? Coleccionar países, hoje em dia, cada vez me parece mais fácil, mais acessível a toda a gente. Não importa a classe social ou o tamanho da massa encefálica. Mas ficamos mesmo mais ricos 'somente' pelo facto de viajar? Ou é o que empenhamos na viagem que nos enriquece? Eu cada vez mais sinto que, não importa onde estamos/ vivemos/ crescemos, se a nossa abertura (consciente!) para o mundo for parcial, de pouco serviu viajar ou mudar de poiso! E chamo-lhe 'abertura consciente' porque não sou de 'dar pérolas a porcos', acho que todos temos que fazer por merecer o que recebemos de volta. E este receber deve estar emparelhado com o que damos.

O que te motiva a viajar? Diversão pela pura diversão? A inspiração? O sonho? O Amor? Comer bem? Beber bem? Alimentares a tua alma? Sentires que cresceste? Sentires que conheceste quem te possa ter feito crescer? Aumentares a tua rede de contactos? Alargares a tua visão do mundo? Atentares nos detalhes que passam ao lado dos outros? Ser útil? Dar o exemplo? Crescer na independência?
Isso sim é importante, diria até que é fundamental! É esta a resposta que te vai fazer diferenciar dos outros. Um dia, não será qualquer um que te fale num sítio novo, que te vai prender a atenção; será sim, um que está ao mesmo nível que tu..que tem os mesmos valores, as mesmas crenças e procura exactamente o que tu também procuras. Aí sim, sentirás que poderão passar noites em claro simplesmente a trocar experiências..daquelas que aumentam o coração e a alma, mais do que se limitam a aumentar o corpo e a esvaziar a carteira! ;)


Verdades da vida

Com o tempo, percebes que...

...aquelas crianças que cresceram num Amor incondicional de Mãe, Pai ou ambos, daqueles que sufoca, ultra-protege, adora o filho até à exaustão, não se cansa de mimar e elogiar qualquer feito...termina em personalidades demasiado aéreas e idílicas, duma exigência difícil de alcançar, o tipo de pessoas que julga merecer o mundo por nada fazer. Afinal foi isso que o ninho lhes ensinou.

...aqueles adolescentes que, na escola, eram tidos como os populares ou que eram tão 'full of themselves' que se sentiam no poder de gozar ou rebaixar os 'normaizinhos' ou os simplesmente mais fracos, socialmente falando, acabaram como profissionais frustrados, em empregos tendencialmente que não os satisfaz ou sequer desafia.

No fundo, o que vai, volta..e, na vida, tudo acontece por uma razão. Às vezes demoramos a perceber o sentido de tudo; com o tempo, as respostas sempre chegam. Dar sempre o bom exemplo.